Manifesto pela maternidade real

Ser mãe é padecer no paraíso…

Que sacanagem é essa?
Cadê o nosso grito de revolta com essa e tantas outras lorotas?

Ser mãe é estar no batente, cultivar olheiras e matar piolhos.

Ser mãe é bater de frente com hormônios possuídos em meio ao caos.

Ser mãe é se afogar na corrente do cansaço e não poder desfrutar do aqui e agora, pois a carga mental é surreal.

Ser mãe é ser culpa ambulante a cada instante.

Até quando?

Vamos parar de papo furado e cair na real.

Ser mãe é complexo.
Vislumbramos ambivalências com muita frequência.

Vamos jogar na descarga todas as promessas ilusórias e todas as correntes que nos prendem a um papel impossível de perfeição.

Alegria e tristeza andam de mãos dadas.
As dores dos lutos abrem novos espaços ocultos.

Vamos queimar bíblias educativas e mandar para aquele lugar os conselhos corriqueiros.

Precisamos de um pacto social com apoio doméstico, emocional e financeiro. Queremos o nosso devido reconhecimento por gerar vidas e criar gente.

E enquanto o óbvio não vem, vamos nos dando as mãos, acolhendo nossas dores e compartilhando nossas risadas para construir uma sociedade, onde a mulher é respeitada e o papel de gestante, mãe e avó é honrado por seus descendentes que nada seriam se elas não tivessem atravessado seus infernos internos.

Ariella Machado

Imagem: Kristina Paukshtite provenant de Pexel – CCO

1 comentário em “Manifesto pela maternidade real”

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