Atravessando portais

O pássaro de aço nos faz penetrar
outras realidades sem transição de temporalidade,
por mais longa que seja a viagem.

Mundos paralelos acolhem Histórias e histórias.

Pessoas vivem e morrem. Surtos ocorrem, tragédias e felicidades também.

A moeda muda e o câmbio dos meus âmbitos também.

O ouvido aguçado se perde
e se acha na poesia dos encontros
e nos danos causados pelos anos.

Nada volta, tudo muda e tudo permanece
tão familiar, tão peculiar.

Sou daqui e sou de lá.

Sou estrangeira em todos os lugares
e encontro abrigo em vários mares
cujos braços longos não me deixam afogar.

Quero ir, quero voltar e quero ficar. 

Desloco-me na imobilidade
e dou asas às facetas que encontram liberdade
em ruas que deixam saudades.

Continuo à espera de mim,
com o gosto da infância nos lábios,
e colhendo a sabedoria que só advém
das travessias percorridas.

Em que continente sou mais eu?

Eu sou de lá e sou daqui também.

Ariella Machado

Imagem: Robert Katzki by Unsplash

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