Águas turvas

É me calando
e olhando para dentro
que consigo ouvir 
o que ocorre
adentro. 

Tem ruído, tem batuque,
tem gritos,
e é nesse silêncio
que tudo contemplo. 

O despertar tem musicalidade
e movimento.

As dores dançam ao vento,
na calada do dia
sem dar satisfação
e voltam mar adentro,
renovadas da mistura
de outras águas salgadas. 

E nesse mar, silêncio. 

E nesse mar, desapareço. 

E nesse mar, me deixo ninar por Iemanjá.

A rainha das águas
enxuga minhas lágrimas
e me conduz à beira da praia
pois ainda há muita estrada.

Ariella Machado

Imagem: Mathias P.R. Reding by Pexels

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