De mãe para mãe

Minha querida mãe ausente, 

Você fez o que pôde como menina, como mulher e como mãe, como a minha mãe.

Eu pressinto o quanto você sofreu na sua infância, quantas faltas, quantas falhas. 

E ainda sim, você me deu à luz. 

Você foi a minha passagem para esse mundo. 

Eu me lembro vagamente do seu colo e do seu carinho. 

Também me lembro de todas as suas ausências e promessas não cumpridas. 

Me recordo de ter que aprender muito cedo a identificar os teus sinais e de reagir em função deles. 

Não foi fácil para mim e hoje eu sendo mãe, imagino o quanto não tenha sido fácil para você. 

Por isso quero te parabenizar e te agradecer.

A mulher e a mãe que mora em mim, honram a mulher e a mãe que você foi.

Suas falhas me marcaram, mas também me sensibilizaram. 

Eu tive outras oportunidades, outros encontros que me ajudaram no processo de cura da nossa linhagem. 

Hoje eu sei que você é a mãe que eu precisava ter tido, mas confesso que a ferida ainda dói. 

Essa dor profunda, quase bela, está ancorada na nossa linhagem, no nosso DNA. 

Agradeço a vida pela oportunidade de transmutação e de crescimento. 

Sinto que a minha matriz está cicatrizando lentamente. 

Me sinto segura em guiar minhas filhas, suas netas nesse processo intergeracional. 

Elas escolheram encarnar na nossa linhagem para continuar cuidando e curando o feminino universal. 

Que paz ter essa consciência, que alegria aprender com elas e que bênção vivenciar isso tudo com todas vocês. 

Gratidão.

Ariella Machado

Imagem: Silhouette Girl With Flower Bouquet Vectors by Vecteezy – CCO

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