Domingo foi dia das mães
e eu não pensei em você.
Pelo contrário, eu pensei em mim
e pela primeira vez, me parabenizei pelo meu papel de mãe vezes dois.
Me abracei e me dei colo.
Claro que eu preferiria mil vezes um colinho quente,
acolhedor e seguro de mãe,
mas não foi assim.
Vendo postagens nas redes sociais de homenagens às mães de amigas, sem inveja, imaginei o quanto deve ser bom festejar com gratidão esse dia
e também o quanto deve ser bom receber essas declarações públicas cheias de amor.
Finalmente eu fiz uma declaração,
na intimidade, a mim mesma
como mãe sem mãe.
Mas é verdade que eu não posso esquecer
que você foi a minha passagem
para essa viagem.
Não posso esquecer
que você me deu o peito
e trocou minhas fraldas
e hoje eu sei o quanto isso tem valor.
Por isso, te agradeço pela passagem, pelo peito e pelas fraldas trocadas.
Nessa jornada sem mãe
me invento como uma “mãe possível”
e posso dizer carinhosamente,
que estou sendo, bem naturalmente,
a mãe que eu gostaria de ter tido.
Como diz Alexandre Coimbra Amaral,
“carência gera competência”.
Um abraço e se cuide.
Ariella Machado
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